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Caindo na (e no) real

Caindo na (e no) real

No dia 5 de janeiro de 2015, o dólar valia R$ 2,70 na cotação comercial. Mesmo pagando mais caro do que isso no dólar turismo (e ainda mais caro nos cartões), era comum fazer conta ao dólar psicológico de R$ 2,50. O autoengano também se estendia a outros itens: taxas de embarque, taxa de administração, impostos locais, gorjetas, nada disso era contabilizado quando comparávamos o custo de viajar ao exterior com o de viajar pelo Brasil. Na volta, o estouro no orçamento era justificado pelas compras trazidas na mala – que compensariam qualquer extravagância.

Em março, quando o dólar chegou a R$ 3, levamos o primeiro choque de realidade. E quando chegou a R$ 4, em setembro, finalmente paramos de pedalar a contabilidade internacional. Nos demos conta de que um drinque de US$ 12 agora é um drinque de R$ 50; que um bufê de café da manhã no Caribe de US$ 25 é um bufê de café da manhã no Caribe de R$ 100; que uma viagem de metrô em Londres de 2,30 libras é uma viagem de metrô em Londres de quase R$ 14. Mesmo um hotel baratinho de ¤ 70 em Lisboa agora é um hotel baratinho de… R$ 300 em Lisboa. Nos Estados Unidos, todas aquelas taxes (14% em hotéis, 8% em compras e restaurantes) e tips (15 a 20% em restaurantes!), que antes dávamos de barato, agora são a ponta que anuncia o iceberg da fatura do cartão de crédito.

Calma, esta não é uma coluna totalmente pessimista. A combinação de real fraco com crise no Brasil vai nos fazer viajar menos – mas pode nos fazer viajar melhor.

Prevejo para 2016 viagens mais espaçadas, mas melhor planejadas. Oportunidades de compras ou passagens superpromocionais vão deixar de pautar nossas viagens: vamos viajar para os destinos que oferecerem as experiências mais compensadoras. Antes de bater o martelo, vamos conferir se a época é realmente propícia para a viagem. Vamos investir tempo pesquisando antes de fechar negócio – e não depois de ter feito uma compra por impulso.

Meu pitaco: se quiser continuar viajando para o exterior, pense em viagens com o mínimo de deslocamentos. Prolongue a permanência em cada lugar: alugue apartamento; tente viver a rotina dos moradores, que é bem mais em conta do que a rotina dos turistas.

Mas sobretudo redescubra o Brasil. Fora das férias escolares – quando você aproveitava para escapar à Europa ou aos Estados Unidos –, e comprando passagens aéreas com antecedência, dá para viajar baratíssimo pelo País. Evite o verão no Sudeste e Centro-Oeste e o outono no Nordeste, e você vai fazer lindas viagens por aqui.

Artigo publicado originalmente no Estadão, em 5 de janeiro de 2016, por Ricardo Freire.

Acesse o artigo original neste link: Caindo na (e no) real – Ricardo Freire

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