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Como perder o medo de viajar sozinho

Como perder o medo de viajar sozinho

Viajar sozinho é algo que muita gente tem medo ou receio. Quem nunca tentou, geralmente acha que não vai se divertir, que vai ser perigoso, que o pior vai acontecer e que não vai haver ninguém que ampare. Tem também quem acredite que viajar sozinho é sinônimo de solidão, que só é válido viajar quando você tem amigos indo junto.

Em contrapartida, quem já viajou sozinho alguma vez viu que isso tudo é medo infundado. Viajar sozinho é uma experiência singular que traz aprendizados únicos e, tomando algumas precauções, tem tudo para ser incrível!

Pensando nisso, o Pegcar pediu para 5 pessoas que já viajaram pelo menos uma vez sozinhas comentarem sobre os medos principais que rondam o assunto – assim você pode acabar com a dúvida de vez e tomar coragem pra pôr o pé na estrada!

O Adriano é professor universitário, e sempre tem que fazer viagens sozinho a trabalho.

A Camila, aos 23 anos, resolveu ir sozinha passar as férias em Nova York. Ela tinha um dinheiro guardado para viajar, tinha acabado de ficar solteira e nenhuma das amigas que teria como tirar férias na mesma época que ela tinha grana pra acompanhar. Daí, decidiu ir sozinha mesmo – escolheu Nova Iorque justamente por isso: “queria ir pra um lugar que tivesse bastante coisa pra fazer, lugares pra conhecer, que não dependesse de ninguém… NY tem bastante transporte público, é um lugar movimentado e seguro. Foi superlegal quando eu estava chegando lá, aquela sensação de independência.”

O André, aos 19, foi pra Inglaterra com passagem só de ida, com a decisão em aberto sobre ficar lá e fazer faculdade. Inglês só tinha o da escola, nenhum lugar pra ficar definido, com cerca de 500 libras, uma mala enorme e, claro, coragem. “Chegando em Londres, eu não tinha para onde ir. Peguei um metrô, desci num lugar X, entrei numa lan house e fui procurar casa. Achei uma vaga em um quarto através do Orkut, liguei pro cara (que era brasileiro) e fui no mesmo dia, depois de ouvir “tu é louco é?”. Pronto, resolvi minha estadia.” Logo depois arrumou um emprego e acabou ficando lá por 7 meses. Depois de Londres ainda passou mais um mês na Itália, antes de voltar para o Brasil.

O Fernando viajou pela primeira vez para o exterior aos 15, com a irmã, para aprender inglês na Inglaterra. Depois disso não parou mais de viajar, e acabou fazendo várias viagens sozinho. Foi pra Espanha aprender espanhol, pra França fazer curso de francês, mas também foi pra turistar e passear, e tem histórias de coisas que deram errado também: “Quando eu fui para a Grécia, perdi minha carteira e usei meu último dinheiro para voltar de Mikonos para Atenas. Conheci um grego no caminho, que morava sozinho e me ofereceu hospedagem, sem saber da minha situação. Eu poderia ter feito uma transferência via Western Union, poderia até pagar o hostel com ferramentas de pagamento online. Entretanto, optei por ficar na casa dele porque vi que ele tinha bom caráter. Ficamos amigos e ele chegou a vir para o Brasil.”

O Leandro, aos 21 anos, resolveu largar tudo – faculdade e emprego – pra cruzar a Patagônia de bike, durante 3 meses, carregando o que precisava: barraca, fogareiro, comida, água. Ele compartilha mais sobre essas e outras experiências – geralmente envolvendo bike – no seu blog pessoal (tem fotos incríveis lá!).

Confira agora o que eles têm a dizer sobre as afirmações abaixo – comumente feitas por quem nunca embarcou numa viagem sem acompanhante!

“Vou passar a viagem toda solitário”

Adriano: A viagem sozinho – muitas vezes a estudo ou negócios – é uma ótima oportunidade de fazer novas amizades, aumentar nossa networking e, não só no aspecto profissional, conhecer novas pessoas, com objetivos profissionais parecidos.

Camila: Eu quis ficar em hostel, além do melhor custo benefício, por estar sozinha. Estar num ambiente onde vão ter outras pessoas para de repente conhecer alguém… e foi assim mesmo: conheci bastante gente, já no primeiro dia tava tomando uma cerveja com uma galera que estava ali no lobby.

André: viajantes sempre conhecem outros viajantes, e em geral as pessoas são muito abertas. De qualquer maneira, ficar sozinho em um ambiente estranho ao seu é ótimo para auto-conhecimento.

Fernando: Estrangeiros formam uma identidade em países estrangeiros e fazem amizade muito fácil. Existe um clima de camaradagem muito forte nos hosteis ao redor do mundo. O staff, inclusive, muitas vezes é composto por viajantes que estão achando maneiras de prolongar sua viagem (normalmente, sozinhos).

Leandro: Tem muita gente boa nesse mundo para alguém se sentir solitário. Uma das maiores vantagens de se viajar sozinho é a abertura que as pessoas têm em vir falar com você – quando se está em grupo, outras pessoas ficam mais intimidadas. Em uma ocasião, ao chegar numa cidade de 400 habitantes, uma senhora ao me ver sozinho e vendo que eu era um estrangeiro me convidou para ir a sua casa conhecer a família dela e jantar, do nada, pelo simples fato de ter alguém para conversar. Eu duvido muito que ela ficaria confortável em abrir sua casa para um grupo de 2 ou mais pessoas. Mas uma pessoa só não apresenta risco, tudo fica mais fácil.

“Não terei como tirar fotos legais estando sozinho”

Adriano: O pau de selfie é ótimo pra isso [risos].

André: Isso não existe! Você pede pro guarda, pra um novo amigo, para um casal que está passando ou, em último caso, vira um tonto e compra um pau de selfie.

Leandro: Eu me preocupava bastante com isso. Quando viajei sozinho levei tripé e usava o timer da câmera para burlar esse problema, mas depois de um tempo se tornou muito mais prático e divertido simplesmente pedir a outras pessoas. E isso me rendeu uma das melhores fotos de viagem que tenho até hoje, no Fitz Roy na Patagônia.

“É muito perigoso”

Adriano: Com referências boas e contatos de pessoas que já foram ou conhecem alguém, não é.

André: Difícil achar um lugar mais arriscado que o Brasil… logo, o perigo é o mesmo ou menor que aqui.

Fernando: Mulheres são mais receosas de viajar sozinhas, entretanto, raramente vejo alguma arrependida de ter feito tal decisão.

“Vou gastar muito mais do que dividindo gastos”

Camila: Durante o dia eu me virava, comia um hot dog, comia alguma besteira barata, e deixava pra comer alguma coisa legal a noite. Acho que é questão de se organizar mesmo, que dá pra ter um custo benefício bacana em qualquer lugar, desde que você faça uma pesquisa com antecedência.

André: O único gasto que se economizaria numa viagem com mais pessoas é acomodação, e há diversas casas que alugam vagas em quartos compartilhados, o que dá na mesma.

“Não sei falar o idioma local, não conseguirei comer ou usar o banheiro assim”

aplicativo tradutor
Aplicativos de tradução estão ai para facilitar a vida de todos!

Camila: Eu já falava inglês, então isso não foi um problema. Mas a minha mãe, que acabou de ir pro Japão, descobriu um aplicativo muito legal em que você fala em qualquer língua e ele traduz em qualquer outra língua. É muito louco o negócio, eu testei em algumas línguas e funciona mesmo! Ela falava em português, o negócio traduzia para japonês, o japonês respondia ela ouvia em português. Eu acho que pra quem não domina a língua pode ajudar bastante no dia a dia.

André: Existe um cara que não fala uma palavra sequer sem ser em búlgaro, e ele deu a volta ao mundo com 3 bilhetes escritos em inglês: “Hospedagem?”, “Comida?” e “Transporte”. Além disso, em todo canto do mundo tem brasileiro disposto a ajudar.

Leandro: Viajar com um conhecido é péssimo para a prática do idioma local, você acaba falando sua língua nativa muito mais do que a língua do local em que você está. O mais legal de estar em um lugar diferente é poder se entregar completamente para a experiência, fazer o cérebro virar a chave e se entregar para o inglês, portunhol e técnicas avançadas de linguagem corporal. As pessoas são muito solidárias e vão se esforçar para tentar te entender, principalmente se você estiver sozinho.

“E se eu ficar doente?”

Camila: Acho que é uma coisa que pode acontecer… o que eu fiz para me precaver foi um seguro saúde, ainda aqui no Brasil, antes da viagem.

Fernando: Fiz amizades muito legais com pessoas de diversas partes do mundo. Eu tenho certeza que qualquer uma dessas pessoas me daria apoio caso eu realmente precisasse. Nunca é demais viajar com seguro viagem.

Ainda tem medo de viajar sozinho?

Depois de ouvir tantas histórias positivas e ver tantas fotos lindas (algumas nem tanto…), difícil que você não tenha se animado a arriscar a por o pé na estrada. Nossos viajantes dão algumas dicas e conselhos finais:

Camila: Acho que a dica é se preparar e se curtir. Aproveitar o tempo para você, para você fazer o que quer, a hora que você quer, comer aonde você quer, a hora que você quiser, ir no passeio que tiver afim na hora que você quer… Às vezes algumas viagens de casal ou em grupos acabam sendo mais estressantes do que prazerosas, porque um quer fazer uma coisa, o outro que fazer outra; um acha que vale a pena gastar dinheiro num jantar, o outro já acha que não vale… Isso às vezes acaba virando um estresse, e é por isso que eu gostei bastante de ter viajado sozinha.

André: É indescritível o aprendizado de vida que esse tipo de experiência te proporciona. Sair da zona de conforto, se colocar em ambientes estranhos a você, se forçar a aprender (aprender mesmo.. sotaques diferentes, ambientes barulhentos, etc.) uma língua nova (eu andava com um dicionário na mão)… fora que pessoas nessas condições se atraem e acabamos conhecendo muita gente igualmente interessante.

Fernando: Depois de algum tempo viajando sozinho, a mente entra num estado relaxado e fica mais fácil de se conectar com novas pessoas. Em todas as minhas viagens sozinho, conto nos dedos meus momentos de tédio. Hotéis mais “chiques” tendem a ser mais entediantes. Hosteis normalmente favorecem a interação. Ficar em casa de locais, conhecidos ou via couchsurfing, pode ajudar a economizar e criar uma experiência autêntica de vivência em país. Depois de um tempo viajando, começa-se a conhecer pessoas de vários lugares, muitas vezes dispostas a te arrumar um sofá.

Leandro: Descobri que a parte mais interessante de toda a viagem são as pessoas e as diferentes culturas. Algumas coisas eu só consegui fazer por que estava sozinho, como viajar no sidecar de uma réplica daquelas BMWs alemãs da Segunda Guerra Mundial e passar algumas noites de favor dentro do Corpo de Bombeiros em Neuquen na Argentina.

Portanto, nada de medo! Planeje-se e bora viajar sozinho: o mundo está cheio de pessoas legais para conhecer, lugares lindos para ver e coisas divertidas a fazer!

Publicado originalmente no dia 05 de maio de 2016, no site Pegcar. Clique aqui para ver publicação no site: Viajar Sozinho

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